Adquirir viagens em sites de compra coletiva é seguro?

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1 de dezembro 2012

Preço atrativo, pouco tempo para comprar. Nos últimos meses, os sites de compras coletivas invadiram vários setores e o turismo é um deles. Muita gente fica desconfiada ao comprar um pacote de viagem ou estadia em hotel em um site de compras coletivas. Os preços são realmente bons. Mas, é seguro?
Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo (Abav/SP), não recomendável a utilização de sites de compras coletiva, dada a falta de segurança e garantia das quais o consumidor é refém. A entidade acredita que consultar um agente de viagens é a forma mais segura para comprar pacotes, pois só esse profissional é capacitado para suprir necessidades de segurança, comodismo e tranquilidade ao turista.
Porém, muitos dos pacotes oferecidos pelos sites de compra coletiva são de agência de viagem. Após a compra o consumidor entra em contato com a agência para marcar a data da viagem, ou seja, mesmo que por telefone, ele tem o apoio de um profissional do turismo. No caso de um hotel, o cliente, geralmente, marca a estadia com o próprio empreendimento.

Com a palavra, os sites
Dia 17 de setembro, o conhecido Peixe Urbano lançou uma página especial só para turismo. Em pouco mais de dois anos, o site já publicou cerca de dois mil pacotes de turismo, tanto para destinos nacionais como internacionais, que juntos venderam mais de 400 mil cupons e geraram uma economia de mais de R$180 milhões aos usuários do site. O site afirma que o turismo é um dos segmentos que mais cresce dentro do leque de opções que o site oferece. A seleção de parceiros é um dos trabalhos do Peixe Urbano para garantir a qualidade de seus serviços e a satisfação dos clientes.
O Peixe Urbano diz que no caso de ofertas de turismo, além de contar com os procedimentos regulares, há também uma área especializada em Viagens e Turismo que verifica todas as informações do parceiro a fim de conferir a idoneidade da empresa. Além disso, a equipe também faz pesquisas de mercado, confere informações de órgãos públicos e associações assim como relatos de clientes para assegurar o padrão de qualidade e confiabilidade das ofertas.
O site afirma que se o cliente tiver um problema com o produto adquirido deve entrar em contato através de um formulário no site e cada caso é analisado individualmente, visando a satisfação dos usuários. No período de até sete dias da compra do cupom, caso ele desista da viagem por qualquer motivo, o Peixe Urbano o reembolsa o valor.
Outro grande site que tem se dedicado cada vez mais ao turismo é o Groupon. Dia 27 de setembro, ele reformulou sua página voltada para o setor. Patrick Schmidt, vice-presidente do Groupon na América Latina, conta que desde que a empresa chegou ao Brasil em julho de 2010, iniciaram a venda de pacotes turísticos. “Começamos com parceiros menores, como pequenas pousadas em São Paulo, depois passamos a vender pacotes em todo o Brasil até chegarmos aos pacotes internacionais”, conta ele.
Para garantir a qualidade dos serviços, ele conta que recentemente o site criou um departamento de qualidade, responsável por analisar todas as empresas interessadas em fechar parcerias. “Hoje, para se tornar nosso parceiro, a empresa deve atender a uma série de pré-requisitos que garantam que o cliente terá a melhor experiência possível, após a aquisição da oferta. No caso de ofertas de viagens, consideramos alguns pontos importantes, como capacidade de atendimento de demanda do operador, parcerias com companhias áreas, hotéis e pousadas, além de outros fornecedores de passeios e traslados. A análise é sempre feita de modo muito detalhado, para que possamos avaliar a qualidade do serviço oferecido de ponta a ponta”, completa ele.
O vice-presidente do Groupon para a América Latina afirma que se o cliente tiver algum tipo de problema após a compra ele deve procurar o site. “Nossa intenção é que o nosso cliente sempre tenha a melhor experiência utilizando os serviços oferecidos por nossos parceiros. Caso haja qualquer eventualidade, temos uma equipe de atendimento ao consumidor disponível dedicada a responder essas questões. Os casos são tratados tanto por atendimento telefônico quanto via e-mail. É disponibilizado um formulário online que pode ser encontrado no site e uma linha telefônica”, completa.

Como o cliente deve verificar se a agência que vende o pacote é confiável?
No site de compra coletiva, os pacotes vendidos são, geralmente, fornecidos por uma agência de viagem ou hotel. A Abav-SP diz que uma das medidas para ver se a empresa que oferece o pacote ou hospedagem  é confiável, é olhar se ela  integra o Cadastur, sistema desenvolvido pelo Ministério do Turismo e obrigatório para agências, transportadoras e acampamentos turísticos, assim como para meios de hospedagem, parques temáticos, guias de turismo e empresas organizadoras de eventos. O Cadastur é uma espécie de banco de dados do setor e que tem como meta legalizar o trabalho desempenhado pelos prestadores de serviços turísticos.
Além disso, é importante avaliar se a agência integra alguma entidade do segmento (Abav-SP ou Aviesp, por exemplo) e levantar algumas informações sobre a empresa, especialmente o que diz respeito ao seu histórico de reclamações e experiências de conhecidos.
Em caso de não cumprimento das obrigações, há outras medidas a serem tomadas, segundo a Abav-SP. 3. Antes de fechar qualquer negócio, é preciso que o consumidor verifique cada uma das cláusulas que constam no contrato (o qual as agências são obrigadas a fornecer), especialmente no que diz respeito a cancelamento, alteração e transferência dos serviços contratados; as agências devem seguir à risca todos os itens ali descritos.
É importante que, ao enfrentar qualquer problema, o cliente entre em contato com a agência com a qual fechou seu pacote. Para garantir atendimento, comprovantes de pagamento, documentação, panfletos e quaisquer materiais que comprovem o relacionamento agente-consumidor, assim como a suposta concretização do negócio, devem ser guardados.
Caso a agência contratada seja associada a alguma entidade, o consumidor pode entrar em contato com esta associação e pedir para que ela adote as medidas necessárias. Se, no decorrer de todo este processo, o problema não for solucionado, a pessoa pode recorrer à Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) ou a órgãos legais habilitados para atender a demanda

Os consumidores contam suas experiências
A analista financeira Débora Sermarini realizou este ano um de seus sonhos, conhecer Orlando (EUA) e seus parques. Ela viu uma oferta no site Groupon para duas pessoas com aéreo mais oito noites de hospedagem e aluguel de carro todos os dias. Pagou – R$ 3599,00 em três vezes. “Acredito ter economizado uma média de 50% do valor. Compramos dois pacotes e viajamos em quatro pessoas, por isso economizamos mais”, conta.
Débora, após a compra, marcou a viagem com o agente da Atlantis Turismo, a agência responsável pelo pacote, porém, teve um imprevisto e precisou mudar a data. “Tivemos um problema com a data que inicialmente era para a semana entre Natal e Ano Novo de 2011 e precisamos remarcar para abril de 2012. Isso nos garantiu um up grade no tipo de carro que tínhamos direito e um hotel melhor”, explica ela.  A moça afirma que foi sua primeira aquisição de pacote turístico em site de compra coletiva. “Valeu muito a pena, foi uma boa oportunidade para conhecer a Disney sem gastar muito”, finaliza.
Outra consumidora que resolveu arriscar os sites de compra coletiva é a jornalista Franciele Fernandes. Ela comprou um pacote de hospedagem para Serra Negra, interior de São Paulo para casal por duas noites na Pousada Vale da Montanha no site Clube do Desconto. Incluía, ainda, café da manhã e passeios. O desconto era de 54% em relação ao valor cheio. De R$ 280, ela pagou apenas R$ 128.
“Após um mês da compra, liguei para agendar e fui informada de que todas as compras coletivas já haviam sido agendadas e já não restavam datas disponíveis, deveria optar por alguma data que o hotel tinha disponível (fiz a compra em março/2011 e a reserva ficou para novembro/2011)”, conta ele. Franciele planeja ir com o namorado, mas, em dentro do tempo de espera, o namoro acabou. “Chegou novembro e com o imprevisto reagendei a viagem. Dessa vez, me passaram opções de datas para março de 2012”, diz.
Em março de 2012 Franciele foi com uma amiga utilizar a viagem. “Comprei como Serra Negra quando na verdade era Lindóia. É uma cidade próxima, mas não era o lugar pelo qual havia optado. E para quem vai de ônibus, como eu fui, encontra dificuldades para ir de um lugar ao outro. A pousada ficava no meio do nada, bem na rodovia, longe do centro”.
Franciele diz que valeu a experiência e também agora está mais atenta na hora de comprar nos sites de compras coletivas. “A cidade é super acolhedora, os moradores simpáticos, o atendimento da pousada também foi satisfatório, nesse sentido valeu a pena”, esclarece.
Antes dessa, a moça já havia feito duas viagens adquiridas em sites de compra coletiva. Sendo uma para Visconde Maúa (RJ) e outra para Ilha Bela (SP). “Diferente de Lindóia, em Visconde de Mauá o hotel nos colocou num chalé ruim. O colchão era desconfortável e o chuveiro de má qualidade. Já em Ilha Bela, a dona do hotel foi pessoalmente nos buscar, logo após a travessia da balsa. Os serviços oferecidos variam muito e tanto pode ser muito bom como muito ruim”.
Apesar dos imprevistos que teve, Franciele diz que compraria novamente pacotes ou hospedagem em sites de compras coletivas.  “A dica é ficar sempre atenta aos prazos e serviços oferecidos pela empresa. Dê uma ligada no hotel/pousada antes de finalizar a compra da viagem. Nem sempre a hospedagem oferecida pela propaganda concilia com o que você necessita. Analise o serviço oferecido e se atende ao que você procura”, alerta ela.

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