Ateliês de cerâmica de Cunha (SP) mostram processo de fabricação de peças

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19 de fevereiro 2011

Cunha, a 235 quilômetros de São Paulo, com seus mais de 20 ateliês de cerâmica, oferece aos visitantes um programa diferente. É a abertura de fornadas, promovidas pelos ateliês em datas previamente agendadas. Neste dia, as pessoas são convidadas a assistir o momento em que o forno Noborigama, cuja temperatura atinge 1400 graus Celsius, é aberto e todos podem ver a retirada das peças e sempre é uma expectativa e tanto para os visitantes e também para o ceramista, afinal os efeitos dos componentes são sempre imprevisíveis.

Ao contrário do que acontece nos fornos industriais, em que há uniformidade, na cerâmica de alta temperatura, queimada à lenha em Forno Noborigama, se sobressaem os aspectos artísticos e espontâneos da obra. Cada detalhe influencia no resultado final, o posicionamento das peças no forno, o ritmo e o tempo de queima; a espessura da lenha; a quantidade de brasa, a abundância de ar disponível para a combustão da lenha entre outros. Os fatores aleatórios combinados determinam as reações químicas na cristalização dos minerais componentes do esmalte, criando superfícies vitrificadas de grande resistência e beleza. A arte encanta a civilização desde sua invenção na China antiga.

O forno Noborigama foi introduzido no Japão, fundiu-se na tradição existente desde o neolítico e contribuiu para desenvolver a cerâmica nipônica que hoje conhecemos. O forno em si é composto por várias câmaras interligadas, construídas cada uma nos degraus de uma escada, com uma fornalha na parte inferior onde o fogo é mantido na maior parte da queima, as câmaras com as cerâmicas e uma chaminé na parte superior para a saída dos gases da combustão da lenha.

No Brasil, a técnica veio com a imigração e entre os cerca de 20 Noborigamas existentes no país, cinco estão em plena atividade em Cunha. Para a semana do Carnaval, duas aberturas de fornos já estão previstas. No ateliê Suenaga & Jardineiro (www.ateliesj.com.br), dos ceramistas Kimiko Suenaga e Gilberto Jardineiro, no sábado, 5 de março, às 10h, 12h, 14h e 16h e na Oficina de Cerâmica Lei Galvão & Augusto Campos (www.oficinadeceramica.com) no dia 5 de março a partir das 11 horas.

Outro programa que atrai muitos visitantes é a chamada queima de raku. Trata-se de um outro processo, as peças que já sofreram a primeira queima são esmaltadas, colocadas em forno especial para serem aquecidas rapidamente (de 45 a 60 minutos), até cerca de 1000 graus, retiradas ainda incandescentes, jogadas em serragem de madeira e abafadas por alguns minutos, sendo depois esfriadas com jatos de água. Isso tudo é testemunhado pelos visitantes dos ateliês que ficam encantados. O efeito visual desse processo é inesquecível, e os desenhos aleatórios da fumaça sobre as peças produzem resultados lindíssimos e totalmente imprevisíveis.

As próximas queimas de Raku abertas ao público acontecem no Anand Atelier (www.anandatelier.com), nos dias 05 e 06 de março, a partir das 18h45, e no Gaia Arte Cerâmica nos dias 05 e 07 de março, a partir das 18h30.
Mais informações em www.cunha.sp.gov.br ou pelo telefone (12) 3111 2630.

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