Arco do Triunfo, um dos símbolos de Paris - Crédito: Sylvia Barreto

Conheçam Paris

por: Sylvia Barreto
16 de abril 2019

Paris é tão famosa, tão famosa que causa aversão em algumas pessoas. Eu era assim. Era doida para conhecer Londres (e encontrar as Spice Girls no meio da rua) e nem pensava na Cidade Luz.

Meu marido não conhece a Europa e estamos planejando uma viagem para o continente. Ele não faz questão de Paris, acho que tem a mesma aversão que eu tinha, pensa que a fama do destino é exacerbada e, com isso, talvez ela fique de fora desse roteiro que ainda está sendo desenhado.

Na minha primeira viagem pela Europa, coloquei Paris no roteiro, mais por estar perto da Bélgica, que foi o país no qual desembarquei. Aproveitei e coloquei outros lugares da França no itinerário porque ficava mais prático.

A foto clássica que mais gosto – Crédito: Sylvia Barreto

Impossível não se encantar com as construções – Crédito: Sylvia Barreto

Toda feliz em Paris, cidade que eu não tinha vontade de conhecer

Passei uns dias em Londres antes de ir para Paris. Achei a cidade inglesa linda e muito limpa. Só que ainda faltava alguma coisa, não sabia o que era.
Saí de Londres de trem, na chegada em Paris, peguei o metrô e desembarquei na cidade em uma noite de lua cheia em frente à Torre Eiffel. Pronto, ali, toda minha rejeição começou a cair por terra. Tive que dar o braço a torcer e confessar que era uma imagem belíssima.

Dia seguinte, frio com sol, fui subir a Torre Eiffel, meu hotel ficava bem perto. A vista, linda, mas ainda não foi isso que me surpreendeu 100%. Depois da famosa, com razão, Torre Eiffel, era hora de caminhar pela cidade e conhecer outros pontos turísticos. E foi nesse ponto que a cidade me arrebatou.

Paris não é tão impecavelmente limpa como Londres apesar de ser muito mais limpa que a cidade em que vivo, São Paulo. Paris não é tão organizada como sua vizinha inglesa e sim, a Cidade Luz tem muita gente sem teto e pedindo dinheiro nas ruas e estações de trem. Paris, por mais que tenha fama de ser chique, talvez não seja realmente elegante em cada canto como Milão. Só que o charme que ela tem, ah, é difícil encontrar. Era isso que faltava nos outros lugares, o charme, algo tão subjetivo.

Paris vista da Torre Eiffel – Crédito: Sylvia Barreto

A Torre Eiffel vista da Torre Montparnasse – Crédito: Sylvia Barreto

Entrada do Louvre em 2013. Preciso voltar – Crédito: Sylvia Barreto

Andar pelas ruas e ruelas de Paris é uma das melhores coisas que você pode fazer em uma viagem, é pura história. Ao redor do Rio Sena, tudo é lindo, tudo. Parecem que todas as pontes e qualquer construção são bonitas. Fiquei perdida várias vezes. Olhava meu roteiro no mapa, via um prédio e, pronto, seguia outro caminho. E, quer saber? É a melhor coisa, deixar a cidade te levar.

O Louvre foi uma das minhas melhores experiências. Sou apaixonada pelo Egito e o museu tem uma coleção enorme e imperdível. Claro que eu fui ver a Mona Lisa e outras obras importantes, só que a maior parte do meu tempo dediquei à área do Egito.

Segui para Provence, passei uns dias em Avignon e outros em Marseille. Apaixonada, essa é a palavra. Não só Paris em encantou, mas cada lugar da França que passei.

Fiquei imaginando voltar com o marido, namorado na época, e fazer uma viagem de carro pela Provence. Aliás, apesar da fama de romântica da Cidade Luz, passar uns dias sozinha no destino é incrível. Já na Provence senti falta de um pouco de romance porque a região, pelo menos para mim, é bem propícia para dias de muito amor.

Marseille – Crédito: Sylvia Barreto

Palácio dos Papas em Avignon – Crédito: Sylvia Barreto

A França me conquistou de primeira. Foi um dos destinos que me deu aquele soco no estômago e fez cair por terra meus preconceitos de gente que fala sem saber do que está falando.

Voltei a trabalho, não para Paris, fui escrever sobre o Vale do Loire, outro destino imperdível. Também, na segunda viagem, comecei a gostar da sonoridade do francês, que antes parecia uma língua muito estranha. Quero ir outras vezes para França, um pouco de Normandia, mais Paris e as belas praias do sul com certeza.

E, ontem (15/04), com o incêndio na Catedral de Notre-Dame e toda comoção que isso gerou, lembrei do dia em que a conheci. Não foi como deveria. Era época do feriado do Fim da Primeira Guerra Mundial (11/11) e isso afetou um pouco alguns horários de funcionamento na cidade.

Com o feriado e minha falta de organização nessa viagem, não consegui fazer o tour na Catedral de Notre-Dame. Uma pena, mas vi o suficiente da igreja e fiquei impressionada com as gárgulas. Recordei do Corcunda de Notre-Dame, vocês lembram? Passei dois dias pela catedral, parei em ambos, sempre encantada. Alguns encontros são assim, são rápidos, incompletos e deixam aquela vontade de voltar. Ainda não voltei nesse local específico.

As memórias ficam – Crédito: Sylvia Barreto

Catedral de Notre-Dame em 2013 – Crédito: Sylvia Barreto

Agora, provavelmente, quando eu voltar à Paris, a Catedral de Notre-Dame não será a mesma, tudo bem, eu também não sou. E fico feliz por ser diferente hoje e por ter quebrado alguns preconceitos sobre a França e os franceses.

Por outro lado, sei que ainda tenho muito que conhecer no mundo e, nisso de esperar, um lugar ou outro pode ser brutalmente modificado por diversos fatores. Quanto à catedral, quem a visitar daqui para frente talvez não veja o mesmo que eu vi. É possível até que conheça muito mais.

Não será esse incêndio que apagará a construção que passou por guerras e por toda transformação da França em mais de 800 anos, esse é apenas um capítulo ruim nessa história já quase milenar.

Com toda essa agitação eu só posso dizer a quem ainda não conhece a cidade: vá agora, quando der, veja a reconstrução e volte quando ela terminar. Se perca nas ruas, deixe-se encantar. Os lugares mudam, as suas lembranças ficam.

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