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Pelos encantos da Chapada Diamantina

No coração da Bahia, paredões, cânions, grutas, cachoeiras e Mata Atlântica se misturam. A beleza dos rios contrasta com a caatinga e o cerrado. Seja de cima dos morros, nos pés deles ou na escuridão das grutas, a Chapada Diamantina é exuberante em suas formas e riquezas.  Uma imensidão de trilhas, de lugares e cidades em mais de 30 mil quilômetros quadrados. Uma semana ou um mês ainda é pouco para conhecer toda a região desbravada pelos garimpeiros por décadas em busca de diamantes.

Se muitas viagens são necessárias para conhecer a Chapada Diamantina de norte a sul, escolha apenas um itinerário para sua primeira visita. Há alguns pontos que são os mais visitados e de percursos que podem ser feitos por qualquer pessoa sem dificuldades de locomoção. Apenas prepare um bom tênis, um cantil e muita disposição. Se há caminhos na Chapada que só podem ser feitos dormindo em barracas ou na casa de locais, a Viajar é Simples te passa o que pode fazer em uma semana com tempo para relaxar e repousar em camas de aconchegantes pousadas e hotéis com o céu estrelado visto da sua janela.

Lençóis, a “capital” da Chapada Diamantina

Pelas ruas de pedras da pequena Lençóis, o casario do século 19 remonta a época em que a cidade era uma das mais importantes do ciclo de diamante da Bahia. Encravada na Serra do Sincorá, a localidade conserva os contornos da Chapada Diamantina, sua alma histórica, mas não deixe de ser moderna, com seus hotéis confortáveis, restaurantes variados e barzinhos que agitam a vida noturna.

É em Lençóis também que fica o único aeroporto da Chapada Diamantina. Ele recebe as quintas e aos domingos os voos da companhia aérea Trip direto de Salvador, em um trajeto que dura pouco menos de uma hora. A cidade fica a 417 quilômetros da capital baiana.

Em Lençóis mesmo não é preciso fazer muito esforço para começar a desbravar a Chapada Diamantina. A poucos quilômetros do centro são encontradas algumas atrações. Para chegar, uma caminhada leve, passeio que pode levar até quatro horas. É possível alcançar o Parque Nacional da Muritiba, com a Cachoeira da Primavera, a Cachoeirinha, o Salão das Areias Coloridas, o Poço Halley e os poços do Serrano.  A Associação dos Condutores de Visitantes de Lençóis (ACVL), cobra R$ 70 para que o guia leve andando até quatro pessoas para conhecer essas atrações.

Morro do Pai Inácio – Entre o Vale do Capão e Lençóis, fica o Morro do Pai Inácio, um dos ícones da Chapada Diamantina, com 1.120 metros de altura. Metade as subida pode ser feita de carro e, a parte final, caminhando. Ele fica fora do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Não há uma taxa fixa para entrada, mas é sugerido que uma contribuição seja feita. A subida é de, pelo menos, meia hora. A paisagem muda a cada ponto e, no topo, a vista de todos os morros da região é espetacular. O horário mais indicado para ir é no fim da tarde, já que o pôr do sol do alto é esplêndido.

Veja também informações sobre o Morro do Pai Inácio no blog do Viajar é Simples

Pelas grutas e rios da vizinhança

Os arredores de Lençóis são recheados de grutas e rios. A 70 quilômetros da cidade, no município de Iraquara, por exemplo, fica a Gruta da Lapa Doce. Ela faz parte de um complexo de cavernas e é considerada a terceira maior do Brasil. Mas, o público pode percorrer apenas 850 metros dela. O que é suficiente para ficar encantado com a quantidade de estalagmites e estalactites e um salão principal com 70 metros de altura. Os guias costumam fazer uma parada na qual desligam todas as lanternas e os visitantes podem aproveitar o extremo silêncio e a escuridão do local. A gruta abre todos os dias e o valor de entrada depende do número de pessoas. Se for apenas uma, é R$ 28, duas fica R$ 38, três sai por R$ 48 e quatro por R$ 60.

Se fizer o passeio pela manhã, pode aproveitar para almoçar a típica comida do cerrado no restaurante Casa de Farinha. Ele serve pratos como a palma, que é um tipo de cacto, maxixe, carne de sol e feijão vermelho. Leva esse nome porque o ambiente é um a autêntica casa de farinha com forno e todos os outros apetrechos. Além disso, é só atravessar a rua e visitar a Gruta da Fumacinha, mais estreita e úmida que a vizinha Gruta da Lapa Doce, mas com estalactites brancas que valem o esforço.

Fazenda Pratinha – Também perto da Gruta da Lapa Doce, cerca de seis quilômetros, fica a Fazenda Pratinha que está cheia de atrativos. Sua primeira visão após pagar a taxa de entrada de R$ 15 já irá valer o dinheiro gasto. É o Rio Pratinha, com um tom inigualável de azul. Mas isso é só o começo, contemplando o rio de frente, olhe para sua esquerda. Mais um momento de admiração e o azul da água, outra vez, chama a atenção logo no início da Gruta da Pratinha. Nela, é possível fazer flutuação com guia por R$ 20. É um dos passeios imperdíveis dessa parte da Chapada Diamantina. Por um caminho de 170 metros, de snorkel no rosto e lanterna nas mãos, o turista explora a cavidade que fica totalmente escura em diversos pontos. No fim, é hora de contemplar os peixes que ficam na parte onde entra mais luz do sol.

Ainda na Fazenda Pratinha, outra Gruta, a Azul. Nela não é permitida a flutuação, pois tem 70 metros de profundidade. Mas isso não é problema, se chegar entre 14h00 e 15h00 verá um espetáculo com os raios solares invadindo o local e iluminando suas águas. Para quem quer ainda mais atividade, é só fazer a tirolesa de 12 metros de altura e 70 de extensão e cair direto no Rio Pratinha. Cada salto custa R$ 10.

Para fazer esses passeios desde Lençóis, há opções com ou sem transporte nas agências da cidade. A empresa Nas Alturas (www.nasalturas.net), por exemplo, oferece excursões por toda a Chapada Diamantina com transporte, acompanhamento e refeição. As saídas que levam um dia inteiro (como Lapa Doce combinada com Fazenda Pratinha) ficam, em média, R$ 100 por pessoa. As entradas são cobradas a parte, assim como almoço ou lanche de trilha, que custam, em torno de R$ 15.

Poço Azul e Poço Encantado – E se ainda quer mais grutas e água, não deixe de visitar o Poço Azul, em Nova Redenção, a 90 quilômetros de Lençóis. Uma pequena trilha para chegar até a entrada da gruta, seguida por uma escada. Cuidado para não cair ao se impressionar com a cor intensa da água no local. Recuperado da impressão inicial, que é melhor depois das 13h00 e antes das 14h30, devido aos raios de sol que iluminam o local, é hora de colocar colete e snorkel. Os visitantes podem contemplar a cavidade de até 21 metros de profundidade onde já foram encontrados esqueletos de animais pré-históricos, como a preguiça gigante. O colete é indispensável e os movimentos bruscos são proibidos, pois eles podem prejudicar a preservação. Para a entrada é cobrada uma taxa de R$ 15.

No mesmo dia de visita ao Poço Azul, é possível conhecer outro poço, o Encantado, na cidade de Itaité. É melhor ir pela manhã no local, já que a partir das 09h30 o sol já ilumina a água, deixando-a com aquele azul impressionante encontrado na Chapada Dimantina. Só que no Poço Encantado, nada de mergulho ou flutuação nos 65 metros de profundidade porque é uma área protegida. Mesmo assim, vale a pena e a foto.

Entre trilhas e cachoeiras

Depois de uma trilha cansativa por uma paisagem linda, sempre uma cachoeira para refrescar. Às vezes pequenas quedas d´água, outras gigantes, de encher os olhos. Elas são encontradas por toda a Chapada Diamantina. Quem quiser uma longa caminhada, 16 quilômetros ida e volta, com uma delicada cachoeira, pode optar pela Trilha das Águas Claras, que fica no Vale do Capão, próximo de Lençóis.

Essa trilha permite ao turista ter uma boa visão da Chapada Diamantina e uma experiência curta de como são as caminhas pelo local. Durante o trajeto, é possível avistar o chamado Morrão. É preciso estar bem preparado e com água para enfrentar o sol. Os guias costumam levar lanche, que é consumido na chegada às Águas Claras, pequenas quedas d´água que servem de alívio para quem caminhou por três horas e precisa de mais esse tempo até voltar para a estrada convencional.

Fumaça – A cachoeira que é considerada a “estrela” do Parque Nacional da Chapada Diamantina, é a Fumaça, a segunda mais alta do Brasil. São 340 metros de queda d´água, uma subida por entre pedras que demora, pelo menos, três horas, e uma vista estonteante de cima do cânion. Essa é a opção mais rápida de conhecer a Fumaça. Os guias fazem também excursões por baixo da cachoeira que podem durar até três dias. As caminhadas são longas diariamente e é preciso dormir em barracas. Porém, as paisagens são espetaculares e o contato com o local é imenso.

Cachoeira do Buracão – Em Ibicoara, no sudoeste da Chapada Diamantina, outra preciosidade, a Cachoeira do Buracão, no Parque Municipal do Espalhado.  Do centro da cidade até a entrada do parque, é preciso percorrer cerca de 20 quilômetros de estrada “de chão” (sem asfalto) como dizem por lá. É preciso ir acompanhado de um guia. Eles podem ser encontrados na Associação dos Condutores de Visitantes de Ibicoara ou na empresa Eco Bicho do Mato (www.ecobicho.blogspot.com.br). O acompanhamento do profissional custa cerca de R$ 30 por pessoa e um táxi para até quatro visitantes sai por R$ 130.

 Carro no estacionamento e trilha de pelo menos uma hora a pé. O trajeto de três quilômetros até chegar à Cachoeira é pontilhado de belezas. Como o Rio Riachão das Pedras, que é um convite para o banho, o Poço Manso, a queda d´água chamada de Buracãozinho, a Cachoeira da Orquídea e o Recanto Verde. Haverá algumas escadas rústicas pelo caminho também, mas não se preocupe, são seguras. Mas a aventura fica melhor e mais bonita no Poço da Gameleira, entre cânions enormes. É hora de colocar o colete. Quem quiser, pode seguir pelo cânion até o Buracão, mas os guias avisam: o melhor é ir nadando. E é mesmo, menos cansativo e nada escorregadio, claro.

Os cânions formam um caminho estreito e belo na água. O cenário começa a se transformar, somos transportados para algo que parece de outra era, uma visão de um mundo que parece não existir mais, como as crianças que contemplam encantadas as paisagens do filme “O Parque dos Dinossauros”. As paredes de pedras se tornam mais distantes umas das outras e é possível ouvir o barulho da queda d´água de 85 metros. A Cachoeira do Buracão aparece e a paisagem fica ainda mais impressionante e os turistas ficam sem palavras diante de tanta beleza. Vá nadando até o ponto no qual a água cai. Basta dizer que é uma dos locais mais bonitos da Chapada Diamantina, mas você só irá constatar isso quando estiver lá.

Túnel do tempo em Igatu

Se andar pelas ruas de Lençóis já remonta ao passado e toda a corrida pelos diamantes, a pequena vila de Igatu, em Andaraí, então, é o passado vivo.  Ela é tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Fica a 803 metros de altitude e seu auge foi na segunda metade do século 19. Tudo em Igatu, desde as calçadas até as casas, são feitas de pedra. Ali, além dos diamantes, também havia exploração de ouro.

Igatu chegou a ter 9.000 habitantes. Porém, na década de 40 do século 20, a Xique-Xique de Igatu, como era chamada, viu sua riqueza acabar porque o garimpo não dava mais retorno. Os sertanejos iam embora aos poucos e o povoado chegou a ficar com apenas 140 habitantes. Atualmente, cerca de 400 pessoas moram no local, segundo o morador Amarildo dos Santos, que se encarrega de contar os habitantes e a história do local em manuscritos.

Uma das atrações de Igatu é o cemitério bizantino, todo branco. Na mesma rua, a Galeria Arte e Memória, idealizada e mantida por Marcos Zacaríades, que vive em uma casa de pedra ao lado do local. É uma galeria com obras de artes de artistas convidados e de peças que o proprietário comprou e expões ao ar livre. Há, ainda, alguns objetos usados nos séculos passados na região. A entrada tem valor simbólico de R$ 2. Aproveite e pare na lanchonete do local que tem o cappuccino com a fama de ser o mais gostoso de toda a Chapada Diamantina.

No mesmo dia que for à Igatu, aproveite para comer pratos típicos da região. É só para no restaurante Kabana de Pedra (Rod. BA-142 KM 49,5 – Alto da Bela Vista – Andaraí).  Não deixe de pedir um Arroz de Garimpeiro à Kabana. É uma mistura de arroz com lingüiça, carne de sol, peito de frango, bacon, pimentões e castanha de caju. A porção custa RS 32 e serve duas pessoas.

Serviço

Informações

Portal Oficial da Chapada Diamantina

www.chapada.org

Site da cidade de Lençóis

www.lencois.ba.gov.br

Destinos baianos

www.bahia.com.br

Como chegar

Avião – A Trip Lnhas Aéreas tem voos desde Salvador até Lençóis às quintas e domingos. Para junho, há passagens a partir de R$ 119 o trecho. Informações: www.voetrip.com.br

Ônibus – A companhia de ônibus Real Expresso faz três viagens diariamente de Salvador para Lençóis: com saída às 07h00, 16h30, e às 23h30. A viagem dura em média seis horas, dependendo das condições da estrada. O percurso é de 420 quilômetros e a passagem custa R$ 48 com seguro incluso. Informações: www.realexpresso.com.br

Carro – São 420 quilômetros da capital baiana a Lençóis. A viagem dura de cinco a seis horas, de acordo com as condições da estrada. Neste momento, a estrada está em boas condições.

Onde Comer

Lençóis

Cozinha aberta

No centro de Lençóis, um restaurante de slow food. A chef, Debora Doitshinoff, estudou a culinária local de diversos países, como Itália, Índia, Bélgica, Guatemala, por exemplo. Ela usa ingredientes brasileiros e regionais no cardápio, como a castanha de caju, o queijo coalho, o cacau e o urucum. Uma boa pedida é o Tortelloni de Ricota e Nozes ao Molho de Gorgonzola com Mel de Urucu. O gosto forte do gorgonzola é amenizado pelo adocicado do mel, uma combinação perfeita. O prato sai por R$ 30. É possível, ainda, pedir menu degustação com reserva prévia, o valor aproximado é de R$ 50 por pessoa. Informações: www.cozinhaaberta.com.br e (75) 3334 1321

Hospedagem

Lençóis

Hotel de Lençóis

Em uma parte alta da cidade e em meio a muito verde, o Hotel de Lençóis conta com piscina, sala de massagem, sauna, sala de leitura, salão de jogos, salas de reunião, parque infantil, bosque e jardins. Além disso, tem wifi grátis nas áreas comuns, ar condicionado nos quartos e é um dos hotéis mais confortáveis da cidade. Tem tarifas a partir de R$ 290 o casal com café da manhã incluso. Informações: www.hoteldelencois.com e (75) 3334 1102 e (11) 2309 8496

Hotel Canto das Águas

Charme e conforto não faltam no Hotel Canto das Águas. Além disso, ele recebeu da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a certificação de primeiro hotel sustentável do Brasil, com táticas, por exemplo, como tratamento e reciclagem de lixo e inserção de trabalhos e produtos da região. Para o lazer, piscina com vista para muita vegetação e rio, tenda de massagens nesse mesmo ambiente ao ar livre, salão de jogos e sauna à vapor. Todas as acomodações são decoradas com algumas diferenças de detalhes entre si. Tem diárias a partir de R$ 320 o casal. Informações: www.lencois.com.br e (75) 3334 1154

Vale do Capão – Palmeiras

Pousada Villa Lagoa das Cores

O casal Marcos e Vânia levou anos para preparar a chácara da família até transformá-la em uma pousada. Tudo foi pensando nos mínimos detalhes para que os hóspedes se sentissem confortáveis. São 12 apartamentos personalizados, cada um com uma decoração diferente. As refeições são recheadas de produtos da região. A pousada ainda guarda particularidades como sauna de pedra e um ofurô com vista para as montanhas do Vale do Capão. Diárias a partir de R$ 250 para o casal. Informações: www.lagoadascores.com.br e (75) 3344 1114 / 1045 / 1046

Pacotes

Freeway

A operadora Freeway oferece o pacote Chapada Diamantina Imperdível com duração de oito dias e sete noites. Inclui passagens aéreas São Paulo/Salvador/Lençóis/Salvador/São Paulo, passeios como Rio Serrano e arredores, Gruta da Lapa Doce, Fazenda Pratinha, Cachoeira do Mosquito, Morro do Pai Inácio e Poço do Diabo, além de hospedagem e algumas refeições inclusas em passeios. A partir de R$ 2.596 por pessoa para saídas até 30 de junho. Informações: www.freeway.tur.br e (11) 5088 0999

Nas Alturas

A agência Nas Alturas, localizada em Lençóis, disponibiliza roteiros com guias, transporte para passeios, taxas de acesso, alimentação (exceto jantares e bebidas) e hospedagem. Um deles é o Chapada Light, incluindo Lençóis, Pantanal Marimbus e Igatu e Poço Encantado e Poço Azul. A partir de R$ 930 por pessoa em apartamento duplo até 30 de junho. Informações: www.nasalturas.net e (75) 3334 1054 / 8854 9448 / 9992 2370

*A repórter viajou a convite da Bahiatursa