Um fim de semana em Cunha (SP)

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1 de fevereiro 2015

No Alto do Vale do Paraíba, a 232 quilômetros de São Paulo, Cunha reúne belezas naturais, pousadas charmosas, ateliês de cerâmica e gastronomia diversificada. É uma cidade ideal para passar um fim de semana romântico. Chegue na sexta-feira à noite para acordar no sábado já no local e começar suas atividades. Vamos lá?

Uma caminhada no sábado pela manhã

Que tal começar o dia com uma vista linda? Cunha abriga o Pico da Macela, com 1850 metros de altitude. O acesso é feito pela Rodovia Cunha-Paraty, km 66. A partir daí são quatro quilômetros de estrada cascalhada, a Estrada da Macela, e depois o  visitante deve prosseguir a pé, por uma estrada asfaltada em trecho sempre íngreme. A subida dura pouco mais de uma hora, prepare-se com um bom calçado e suba!

A vista do alto é espetacular, como Cunha fica a caminho de Paraty, é possível ver o mar e a serra. Só não é indicado ir se estiver chovendo, o caminho fica escorregadio e a vista não estará bonita, por conta de nuvens e neblina.

Almoço dos deuses

Se passar a manhã caminhando até o alto da Pedra da Macela, na volta pode aproveitar um dos restaurantes daquela parte de Cunha. Na própria Estrada da Macela, fica um dos melhores restaurantes da cidade, o Taberna Coração da Terra, especializado em pratos com cogumelos. Em ambiente acolhedor, com fumaça saindo da chaminé, sempre tem pão fresquinho feito pelo casal Ana Maria e Carlos Schuch.

Os cogumelos, como shimeji e shitake são comprados por produtores da região, as verduras e hortaliças cultivadas em horta própria. Uma boa pedida para começar é o Combinado de antepasto de cogumelos e patê de shimeji com o delicioso pão caseiro. O cardápio não é muito extenso e, além dos pratos tradicionais, há sempre um especial do dia, como o Risoto de Shiitake com lascas de queijo gruyère e nozes, que vez ou outra é o eleito. Para beber, nada de refrigerante, só suco de uva, vinho, espumante ou água. Quem não quiser cogumelos no prato principal tem uma opção, o Ravióli Caprese. Um prato bem servido, com massa artesanal da casa recheada de queijo frescal e parmesão premium com molho de tomatinhos.

Outro bom restaurante próximo à Pedra da Macela é o Antigo Caminho do Ouro, no KM 64 da Estrada Cunha/Paraty. Um antiga casa de fazenda foi transformada em um restaurante familiar. São servidas ótimas massas caseiras, legumes da horta própria, moquecas e carnes. Aberto para o almoço aos finais de semana.

Um pouco de cerveja

Se gosta de cerveja, antes ou depois do almoço vá até a cervejaria Wolkenburg, que também fica na Estrada da Macela, com acesso no km 65,5 da estrada Cunha/Paraty, a fábrica fica aberta à visitação das 09h00 às 17h00. É possível ver, sem nenhum custo, a fabricação de suas cervejas e chopes e ainda fazer uma degustação. Gostou? É só comprar e levar para casa.

Só de cerveja são quatro tipos artesanais. Elas são elaboradas segundo a Lei de Pureza Alemã de 1516, que estabelece que somente são permitidos cevada maltada, lúpulo e água na sua elaboração. Não são adicionados quaisquer produtos químicos, conservantes, estabilizantes ou outros, exigindo do consumidor um cuidado especial com relação à armazenagem (em local fresco e protegido do sol). A região foi escolhida por ter água em abundância em condições favoráveis à produção de cerveja. Além disso, Cunha tem temperaturas estáveis durante o ano todo.

Tarde de compras: cerâmica e petiscos

Em Cunha dá para comprar produtos que você não irá achar em mais nenhum outro lugar. É o caso das cerâmicas, a cidade é reconhecida como maior núcleo de Cerâmica de Arte de Alta temperatura do Brasil e da América Latina. São quase 20 ateliês espalhados pelo destino.

Há peças inspiradas em variadas influências, desde a indígena-ibérica das paneleiras à oriental, introduzida em 1975. Nas últimas décadas chegaram à cidade ceramistas com linguagens e influências estéticas contemporâneas, que introduziram técnicas de queima mais sustentáveis, produzindo em pequena escala peças que não se repetem, como a cerâmica Raku, cujas peças saem do forno ainda incandescentes e são absolutamente inéditas a cada queima.

Um dos ateliês da cidade é o de Cristiano e Sandra Quirino. O casal de artistas é formado pela Sir John Cass College of Art, integrante da London Polythechnic. Há 35 anos produzem peças de cerâmica e há 10 anos vivem em Cunha. A maior parte produção de Cristiano e Sandra é de utensílios de cozinha, como canecas e tigelas. Com o forno a gás eles também conseguem fazer redução de oxigênio, o que deixa as peças feitas assim com ainda mais detalhes e com aspecto brilhante. Os utensílios podem ir aos fornos de micro-ondas, fogão ou elétrico, só não podem ser colocadas na chama do fogão. O casal explica toda a técnica usada para os clientes interessados.O ateliê fica na Rua Manoel Prudente de Toledo, 474 (Alto do Cajuru). Fica aberto de terça a sábado das 10h00 às 17h00 e domingo das 10h00 às 16h00.

Na estrada Cunha/Paraty, no KM 56, fica a Fazenda Aracatu. Com quatro anos de existência, seus queijos e sorvetes são produzidos com leite de vacas Jersey. Rodolfo, o proprietário do local, pesquisou que esse tipo de vaca tem um leite de qualidade excelente e, então, começou a criação.

Dentre outros queijos feitos por lá, há o Aracatu, produzido e encontrado só no local. Os sorvetes são de variados sabores e feitos com técnica italiana para ficarem bem cremosos. Para levar, tem, ainda, um famoso bolo de pinhão, cogumelos e verduras orgânicas plantadas no local. Outra boa surpresa é o ambiente em si, com objetos antigos adquiridos pelo Brasil e até no exterior.

A Provence de Cunha

Os belos campos de lavanda são um dos grandes atrativos da região de Provence, na França. De cor lilás, as flores encantam os turistas de todo o mundo. Há pouco mais de um ano, essas flores também atraem quem visita Cunha, foi aberto O Lavandário. É uma ótima opção para ser visitado no domingo, por exemplo.

No novo espaço é realizado o cultivo, a destilação do óleo essencial e pesquisa da planta aromática – o que resulta no desenvolvimento de produtos cosméticos e gastronômicos, que beneficiam a saúde das pessoas e auxiliam nos cuidados com a casa. Vale lembrar que nem todas as espécies de lavanda são usadas na culinária, mas o Lavandário trabalha com uma espécie orgânica e disponibiliza ingredientes como flores secas de lavanda para tempero, sal grosso, açúcar e azeite aromatizados com lavanda.

Além de apreciar a plantação e conferir algumas saborosas receitas preparadas com a planta, os visitantes podem também comprar produtos como fragrâncias de ambiente, sachês, sabonetes, vasinhos decorativos e até buquês e guirlandas. Já o óleo essencial, também extraído no novo espaço, pode ser utilizado em aplicações terapêuticas e cosméticas como banhos, compressas e massagens.

O Lavandário funciona regularmente de sexta-feira a domingo, além de feriados, das 10h00 até o pôr do sol.  Ele fica no quilômetro 54,7 da Estrada Cunha/Paraty. A entrada é gratuita. Informações no site: www.lavandario.com.br

Festivais gastronômicos de Cunha

Quem for para Cunha em alguns meses do ano ainda é contemplado com festivais gastronômicos. Começando sempre no final de abril e se estendendo por maio, há a Festa do Pinhão, que anualmente conta com uma programação intensa que inclui exposições e shows na Praça da Matriz e, claro, muitas delícias de pinhão, um dos ícones da cidade.

Os principais restaurantes da cidade se reúnem e fazem pratos especiais para serem apresentados na Festa do Pinhão, cada ano há invenções diferentes. Como o evento gira em torno do cultivo e preparo do pinhão, também é instalada uma praça de alimentação no centro da cidade.

De agosto a setembro, outros sabores tomam conta de Cunha na Festa Gastronômica do Cordeiro Serrano. Durante todo o período do evento, os visitantes podem degustar receitas de diversos restaurantes especialmente criadas para a ocasião pelos estabelecimentos participantes. É importante verificar a data correta de início e término de cada festival, apesar de serem feitos sempre nos mesmos meses, os dias têm uma pequena variação.

Serviço

Site oficial da cidade: www.cunha.sp.gov.br

Como chegar

De São Paulo, pela Ayrton Senna ou Carvalho Pinto por 140 quilômetros, seguir pela Dutra por 50 quilômetros de Taubaté até Guaratinguetá e depois pela rodovia Paulo Virgílio.

Do Rio de Janeiro, até Guaratinguetá seguir pela Dutra por 255 quilômetros e entrar na rodovia Paulo Virgílio em Guaratinguetá.

Onde ficar

Pousada Barra do Bié
Entre araucárias, castanheiras e carvalhos, fica a Pousada Barra do Bié. São 58m² de área verde em um ambiente propício ao romance. São apenas seis chalés, sendo que cinco estão equipados com banheira e todos têm lareira. Diárias de final de semana a partir de R$ 430 por casal.

Informações: www.pousadabarradobie.com.br e (12) 3111 1477 / (12) 3111 5177

Estalagem Shambala

A Estalagem Shambala foi projetada baseada na filosofia ocidental com conceitos de feng shui. Tem a proposta de fazer o hóspede relaxar o corpo e a mente em suas dependências. Aos os sábados pela manhã, há um grupo de práticas de meditação Zazen e Tibetana, atividade opcional, todos podem participar, mesmo sem experiência. O café da manhã é servido até meio-dia, então, não se preocupe com o horário de acordar. O pacote com duas diárias para casal e café incluso custa R$ 630 (exceto feriados) nas suítes e R$ 950 nos chalés.

Informações: www.estalagemshambala.com.br e (12) 3111 1500

*A equipe do Viajar é Simples (repórter e fotógrafo) viajou a convite de Cunha

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