Faça uma viagem segura!

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1 de setembro 2016

Qualquer um pode checar facilmente o preço de uma passagem aérea para Orlando, nos Estados Unidos, ou quanto custa passar uma noite em um hotel de luxo na bela Paris. Para cobrir esses gastos, dá para economizar, parcelar e se programar. Mas, você saberia dizer quanto fica uma consulta médica, engessar uma perna ou, quem sabe, comprar novas roupas e sapatos se uma mala for extraviada nesses mesmos locais?

A paulistana Debora Godoy Segnini se deparou com os custos de um acidente no exterior. Em 2013, quando embarcou para Miami com marido e o filho, não imaginava que ia conhecer lugares que não estavam em seu roteiro. Em uma visita ao Science Museum, o menino, Pedro, que na época tinha 11 anos, caiu de um brinquedo e quebrou o cotovelo. A família passou por dois hospitais da cidade e Pedro foi submetido a uma cirurgia. Se Debora não tivesse feito um seguro viagem para todos, teria desembolsado quase US$ 19.000 com os procedimentos.

Debora tinha um seguro viagem da Mondial Assistance, pagou para toda família, na ocasião, cerca de R$ 500. “No primeiro hospital, acabei desembolsando US$ 500 no cartão de crédito com o atendimento. Quando descoberta a fratura, meu filho foi transferido para um local que realizava a cirurgia necessária e ficou internado, não precisei pagar nada, os custos de US$ 18.800 foram para a Mondial”, conta Debora. Ela acrescenta que, quando voltou ao Brasil, o gasto de US$ 500 no primeiro hospital foi reembolsado. A família ficou tranquila em relação ao dinheiro durante o período, todos sabiam que estavam protegidos e a saúde de Pedro era a única preocupação.

Cenas como a da Debora podem acontecer em qualquer viagem, seja no Brasil ou no exterior. Imagine se ela estivesse sem seguro. Além do desespero com a recuperação do filho, poderia desembolsar uma quantia que não havia planejado e, até, se endividar. De acordo com Mario de Almeida, gerente de marketing da Allianz Global Assistance nem todos os brasileiros viajam assegurados. “A penetração do seguro viagem no mercado nacional ainda é muito baixa. Estima-se que 6% dos brasileiros que viajam para destinos nacionais e internacionais usam o produto”, afirma o executivo.

Em contrapartida, dados da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) mostram que os brasileiros começaram a usar mais o seguro viagem nos últimos anos. Segundo dados da SUSEP, em 2014 o prêmio das empresas que comercializam seguro viagem foi de R$ 103,3 milhões e, em 2015, de R$ 150,6 milhões, ou seja, um crescimento de 45,%. Prêmio é a denominação que o mercado segurador dá para seu faturamento. No primeiro semestre de 2016 os números também foram promissores apesar da crise, houve um crescimento de 79,8% do prêmio em relação ao mesmo período do ano passado.

Mudanças no seguro viagem

Desde 2013, quando o filho de Debora sofreu o acidente, muita coisa mudou no mercado de seguro viagem no Brasil. Até março deste ano as empresas de coberturas de seguro se limitavam a apenas cobrir morte ou invalidez permanente, algo que não atendia amplamente o serviço médico e hospitalar no Brasil e exterior. Os consumidores, por sua vez, buscavam as chamadas “assistências em viagem”.

Para melhorar o serviço de seguro viagem a SUSEP resolveu regulamentar o cenário através da Resolução 315, aprovada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNPS). As normas passaram a valer desde março de 2016 e todas as empresas do setor que atuam no Brasil tiveram que se adequar. Desde então, o seguro viagem tem que aderir a pelo menos uma das oito coberturas instituídas, itens como despesas médicas, hospitalares e odontológicas, traslado de corpo, morte acidental e invalidez permanente total ou parcial.

Com a regulamentação, o termo “assistência em viagem” não é mais usado. Todos os planos assistenciais viraram seguro viagem. Além dos itens que obrigatoriamente eles devem cobrir, ainda há outros facultativos, como: danos ou extravios de bagagem; funeral, cancelamento de viagem e regresso antecipado.

Muitas empresas do setor estão investindo em benefícios além dos previstos na Resolução 315 da SUSEP. É o caso da Travel Ace Assistance. “Inserimos serviços como Pet Assistance (assistência ao animal de estimação), concierge, cancelamento total, despesas extraordinárias por permanência forçada, compra protegida e mala danificada”, conta Roberto Oliveira, diretor comercial da Travel Ace.

Qual seguro escolher?

Em janeiro deste ano, a paulistana Karina Fernanda Viveiro, partiu para Itália com a mãe para realizar um sonho antigo: tirar sua cidadania italiana. Como o previsto para que o processo fosse concluído era de três meses, ela contratou um plano da Porto Seguro para o período. Pagou em torno de R$ 600 por pessoa. Mãe e filha estavam em Vicenza, mas resolveram passar uns dias em Roma e Karina acabou no hotel com a garganta inflamada. “Liguei para o telefone de contato do plano a cobrar. Duas horas depois, uma médica italiana que falava inglês estava no meu quarto me atendendo”, explica. Ela não gastou nada, apenas comprou os remédios, dos quais podia pedir reembolso no Brasil, mas perdeu as notas.

Karina não é adepta do seguro viagem quando passeia pelo Brasil, porém, sempre contrata algum quando vai para o exterior. No caso da Itália, ela nem poderia ir sem um seguro viagem. O país, assim como outros da Comunidade Europeia, assinou o Tratado de Schengen. O acordo estabelece que todo turista deve ter um seguro viagem com cobertura mínima de 30.000 euros para auxílio médico em caso de doença ou acidente. A medida é usada para garantir o controle da livre circulação de visitantes entre as nações da Europa.

As empresas de seguro viagem atuantes no Brasil já têm produtos específicos preparados para quem viaja à Europa. Na empresa que Karina escolheu em sua última viagem, a Porto Seguro, a maioria dos clientes procura por planos específicos para o continente, que atenda às necessidades do Tratado de Schengen. “Por conta da obrigatoriedade, os planos da Europa são os mais vendidos. A América Latina aparece como segunda opção”, declara Jaime Prazeres, gerente do Seguro Vida da Porto Seguro.

Para atender aos diversos tipos de viajantes, empresas do setor têm investido na pluralidade dos planos, assim como a Allianz Global Assistance. “Temos produtos específicos para gestantes, executivos, mochileiros e intercâmbio. Dessa maneira, conseguimos abranger os principais perfis de consumidores”, acrescenta o gerente de marketing a Allianz.

Esportes de aventura

Em 2014, a moradora de São Bernardo do Campo (SP) Priscila de Souza Carvalho conseguiu um visto de trabalho por até um ano na Nova Zelândia. Como o país é conhecido por suas atividades radicais, Priscila logo pensou em adquirir um seguro viagem que tivesse um tipo de cobertura específica. Ela contratou um plano da World Nomads. “Escolhi porque era indicado pela publicação Lonely Planet, cobria esportes de aventura, coisa que nem todos oferecem, e tinha facilidade de reembolso, que acabei precisando”, conta.

Apesar de escalar um vulcão e ter feito bungee jumping de 40 metros da Auckland Harbour Bridge durante seu período na Nova Zelândia, Priscila não precisou acionar o seguro por conta de nenhum desses eventos. Foi um cisto na região abdominal que a levou a um consultório de emergências. Um clínico geral a atendeu, pediu um ultrassom e, depois, receitou alguns medicamentos. Ela pagou tudo, pouco mais de 220 dólares neozelandeses, e foi completamente reembolsada pela World Nomads.

De acordo com as recomendações de Agnaldo Abrahão, diretor comercial da seguradora April Brasil, Priscila fez muito bem em procurar um tipo de seguro adequado para sua situação. “O viajante deve levar em conta o destino na hora de escolher seu plano, também deve considerar se vai praticar esportes radicais e se o seguro cobre gastos com doenças preexistentes”, indica o executivo.

Karina, que passou mal na Itália, deixa claro que em suas andanças pelo Brasil não faz seguro viagem. Abrahão aproveita para fazer uma ressalva para quem viaja por território nacional sem estar protegido, como a paulistana. “O brasileiro ainda não se dá conta da importância de um seguro para quem viaja pelo próprio país. Apenas 10,4% da população possui plano de saúde nacional e não estão assistidas em casos de acidentes em outros Estados”, explica.

As dicas da SUSEP

Para que o consumidor tenha certeza que seu seguro viagem é, de fato, seguro, a SUSEP passou algumas dicas ao Viajar é Simples. A primeira medida é verificar se a seguradora tem cadastro no órgão. Isso pode se feito no site www.susep.gov.br ou pelo telefone 0800 021 8484. O registro irá garantir que a SUSEP faz acompanhamento técnico das operações da empresa para que seus produtos estejam dentro da legislação e normas vigentes.

Outra dica é ficar atendo às condições gerais da apólice de seguro antes de contratação e observar, especialmente, quais são as coberturas, seus valores e riscos excluídos, bem como o procedimento para requerer eventual indenização. Caso algum acidente ou incidente proposto no contrato não seja honrado pela seguradora, o cliente deve procurar a SUSEP pelo site ou telefone para registrar uma queixa.

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