Museu do Oriente, em Portugal, inicia exposição sobre presença portuguesa no Japão

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14 de abril 2011

O Museu do Oriente, em Lisboa, Portugal, recebe até o dia 31 de maio deste ano a exposição Encomendas namban – Os Portugueses no Japão da Idade Moderna, que revela uma nova abordagem da arte namban entre 1543 e 1640, período da presença portuguesa no Japão. Esta mostra tem o apoio do Turismo de Portugal.

Ao todo são 60 peças de arte nambam do Museu do Oriente e também de outros museus portugueses e colecionadores privados. É uma importante mostra de mobiliário, têxteis, armas e pintura. Os objetos namban inserem-se numa manifestação artística originada pelos contatos estabelecidos entre os japoneses e os primeiros europeus a chegar ao Japão.
 
Denominados de namban-jin, os portugueses que aportaram à ilha de Tanegashima em 1543 foram, juntamente com espanhóis e italianos, os primeiros estrangeiros a fixar-se em território japonês. O impacto causado pelo novo contato é visível, no plano material, nas peças realizadas tanto para o mercado interno nipônico, como para o mercado ocidental.
A exposição é constituída por quatro núcleos:
 
A Arte da Guerra: A chegada dos portugueses ao Japão, em 1543, coincide com um período de grande instabilidade política no território. As peças que integram este núcleo remetem à guerra civil que assolava o país há mais de um século. São objetos que testemunham o contato estabelecido entre a elite militar japonesa e os portugueses, tanto comerciantes como missionários, e que refletem a presença europeia no país nas suas duas principais vertentes: a comercial e a religiosa.
 
A Arte Kirishitan: Data de 1549 a chegada de S. Francisco Xavier ao Japão e o início da missão japonesa, que duraria cerca de 65 anos, até a expulsão das ordens religiosas do país. A vertente cristã (kirishitan) da arte namban é visível neste núcleo por meio de peças cuja encomenda está indissociavelmente ligada à presença e ação dos missionários no Japão, tendo cabido aos jesuítas um papel preponderante.

Aos objetos de natureza militar, associados a grandes senhores japoneses convertidos ao Cristianismo, juntam-se também peças destinadas ao culto e liturgias católicas, evocando não apenas a aproximação à estética japonesa, mas também os contatos estabelecidos tanto com a Europa, como com a América, sobretudo visíveis nas pinturas dos oratórios.
 
De Lisboa ao Japão: O fenômeno namban testemunha, por meio de objetos como os que estão expostos, influências decorativas que refletem o contato com diferentes culturas e contextos geográficos, entre eles a região do Guzarate, na Índia, e a China. É possível visualizar através de um patrimônio material bem definido, o hibridismo que marcava a sociedade luso-asiática deste período.
 
Olhares sobre os Namban-jin:
No contexto da arte portuguesa, são muito raras as representações dos portugueses e da população luso-asiática em contexto ultramarino. Encante-se com miniaturas do célebre Códice Casanatense; com as gravuras incluídas no Itinerário de Jan Van Linschoten (1596); com os portugueses representados em peças de marfim produzidas no contexto da África atlântica e do Ceilão; ou ainda em peças de mobiliário e têxteis de feitura indiana, assim como, nos biombos namban. A imagem “captada” é surpreendentemente coerente e espelha o sincretismo daqueles que foram, no início da Idade Moderna, um dos principais agentes na circulação de pessoas, ideias, conhecimentos, produtos e bens a uma escala planetária.
 
Serviço
Museu do Oriente
Av. Brasília, Doca de Alcântara (Norte), Lisboa
A Entrada do Museu situa-se na fachada virada para a Av.24 de Julho.
 
Terça-feira a domingo: 10h00 – 18h00
Sexta-feira: 10h00 – 22h00 (entrada gratuita das 18h00 às 22h00)

 

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