O Cerro de los Siete Colores é uma das paisagens mais emblemáticas da Quebrada de Humahuaca - Crédito: Sylvia Barreto

Quebrada de Humahuaca: o Patrimônio da UNESCO no norte da Argentina

por: Sylvia Barreto
13 de janeiro 2018

Ao redor do mundo, a UNESCO já classificou 1073 pontos como Patrimônios da Humanidade. Eles se dividem em culturais e naturais. São locais protegidos e de extrema beleza que devem ser preservados. No Brasil, até a data (13/01/17), temos 21 patrimônios declarados. Na vizinha Argentina são onze. Um deles, talvez um dos mais coloridos, é a Quebrada de Humahuaca, na Província de Jujuy.

A boa notícia para os brasileiros é que, pelo menos até o fim de fevereiro, ficou mais fácil chegar a esse ponto no norte da Argentina. A companhia aérea Aerolíneas Argentinas lançou um voo semanal direto de São Paulo para o aeroporto de Jujuy, que fica a cerca de 90 quilômetros do início da Quebrada de Humahuaca. O voo tem apenas três horas de duração e, sem ele, a alternativa é ir via Buenos Aires, com conexão. A Aerolíneas estuda a possibilidade de tornar a rota uma freqüência regular, mais informações aqui.

O Viajar é Simples embarcou no voo inaugural da Aerolíneas Argentina para conhecer mais esse Patrimônio da Humanidade. A Província de Jujuy é dividida em quatro regiões, uma delas a da Quebrada de Humahuaca, que foi o destino da viagem e é a mais procurada para quem vai para essa parte do país. Ela concentra também pelo menos 60% da oferta hoteleira, que é de 11.000 camas atualmente.

 

Mas, o que é a Quebrada de Humahuaca?

Para começar, vamos entender o que quer dizer a palavra “quebrada”. Traduzindo para o português, é uma passagem estreita entre montanhas. Com 170 quilômetros de extensão, a Quebrada de Humahuaca, é uma área montanhosa recortada pelo Rio Grande. É um belo vale andino com povoados simples e de habitantes que preservam as tradições de seus antepassados.
A paisagem é colorida, há pontos que lembram o Deserto do Atacama. Suas formações geológicas que fizeram dela Patrimônio da UNESCO datam de 60 milhões de anos. O homem vive por ali há, pelo menos, 10 mil anos. Imagine que são histórias e belezas que não acabam mais.

Vista do Cerro de Los Siete Colores do povoado de Purmamarca – Crédito: Sylvia Barreto

 

Imperdíveis da Quebrada

Saindo do Aeroporto Internacional Gobernador Horacio Guzmán, em direção à região da Quebrada, a paisagem começa a mudar. Os campos verdes são substituídos por montanhas cinzas e, logo, por outras mais coloridas e por cactos. A altitude também é diferente. Se perto do aeroporto ela está em torno dos 1.100, já no povoado histórico de Purmamarca chega aos 2324 metros de altitude.

Purmamarca é uma ótima base para quem deseja conhecer a região da Quebrada de Humahuaca. E, claro, é um ponto imperdível. Ao seu redor fica um dos locais mais emblemáticos da Quebrada de Humahuaca: o Cerro de Los Siete Colores. Vamos dizer que ir à região e não ver o Cerro é o mesmo que ir à Paris e não visitar a Torre Eiffel.

Povoado de Purmamarca – Crédito: Sylvia Barreto

A cadeia de montanhas encanta por suas cores inusitadas, isso mesmo, há faixas de diferentes tons de roxo, verde, vermelho e marrom, dentre outros. Sua formação é produto de movimentos geográficos que aconteceram há 600 milhões de anos. As cores distintas foram adquiridas por conta de sedimentos marinhos e fluviais ali depositados durante esse período.

Com as montanhas por ali há milhões de ano, o povoado começou a se formar e já existia antes mesmo da ocupação espanhola. Supõe-se que fez parte do Caminho Inca. Com as chegadas dos espanhóis, os arcos e construções coloniais tomaram conta de Purmamarca. É impossível não notar a Capela de Santa Rosa de Lima, na parte central do povoado. Pequena e charmosa, foi construída em 1648.

Capela Santa Rosa de Lima vista da praça de Purmamarca – Crédito: Sylvia Barreto

As casas e comércio das poucas ruas do povoado têm paredes e tetos baixos, a população também não é muito alta. Muitos tons de marrom colorem as construções. O artesanato vendido nas ruas é o responsável pelas cores mais vivas, muito vermelho, amarelo e, claro, o Cerro atrás deixando tudo mais colorido. Aproveite a abundância de trabalho manual para levar uma lembrança. O ideal é ter pesos argentinos nas mãos. Real e dólar quase não são utilizados e muitas lojas não aceitam cartões de crédito.

Quer comer umas iguarias pela rua mesmo? Aproveite para provar um salame de lhama. O animal sempre se proliferou na região e muitos pratos são feitos com sua carne. Nas ruas e em lojas há venda do salame. Impossível também não ver algumas pessoas que colocam uma espécie de churrasqueira na rua e vendem convidativas tortillas. Trata-se de uma massa em formato de empanada, só que bem grande, com recheio de queijo ou presunto e queijo que são assadas no carvão.

Artesanato andino – Crédito: Sylvia Barreto

Que tal um salame de llama? – Crédito: Sylvia Barreto

Além de Purmamarca

Como a região da Quebrada de Humahuaca e os arredores de Purmamarca concentram grande parte dos hotéis da região, o ideal é se hospedar por ali e explorar os arredores. Um dos passeios indicados é ir até Salinas Grandes, já na região de Puna, mas está a apenas 72 quilômetros de Purmamarca. É uma mistura do azul do céu com um deserto branco de sal, uma das paisagens mais marcantes do norte argentino.

Pertinho de Purmamarca também, a 26 quilômetros, fica Tilcara, conhecida como a “Capital Arqueológica da Província”. Fundada em 1586, abriga o Pucará, uma dos mais famosos fortes pré-colombianos. Descoberto apenas no século 20 e reconstruído, foi declarado Monumento Histórico Nacional. Da cidade também é possível visitar os sítios arqueológicos de Huichairas e Juella.

Pelas ruas de Purmamarca – Crédito: Sylvia Barreto

 

Aproveite e conheça a bela vizinhança

A região de Jujuy faz fronteira com Chile e Argentina. Apenas pouco mais de 400 quilômetros separa Purmamarca de San Pedro de Atacama, principal cidade do Deserto do Atacama. Há muitos pacotes para o destino. O turista também pode optar pelo aluguel de um carro, há locadoras como a Hertz na região. Com o voo direto da Aerolíneas Argentinas para jujuy, o caminho até o Deserto do Atacama fica mais fácil para os brasileiros. O que se faz regularmente é pegar um voo até Santiago e de lá até Calama. Ao desembarcar em Calama ainda há pelo menos uma hora de carro até San Pedro.

Outra possibilidade é combinar Jujuy com o Salar de Uyuni, na Bolívia. O deserto de sal é uma das paisagens mais bonitas da América do Sul. Há duas opções que dão certo: uma viagem para conhecer Jujuy e o Salar de Uyuni, que pode ser feita em uma semana e um roteiro para visitar Jujuy, Deserto do Atacama e Salar de Uyuni, que exige duas semanas.

 

Onde ficar?
Como já mencionado, Jujuy tem 11.000 camas em hotéis de todas as categorias e 60% estão na região da Quebrada de Humahuaca. Na visita do Viajar é Simples à Purmamarca, o hotel apresentado foi o El Manantial del Siléncio. Ele fica a apenas 500 metros do povoado de Purmamarca e foi construído em estilo colonial espanhol. Tem piscina com vista para as montanhas e spa. Diárias a partir de R$ 413 o casal (sendo em conversão de um peso argentino por 17 centavos de real).
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Como ir?
Até o fim 17 de fevereiro os voos diretos semanais (sábados) entre São Paulo e Jujuy estão confirmados pela Aerolíneas Argentinas. O trajeto dura cerca de três horas, mas companhia ainda não sabe se o voo continua após data mencionada. Caso não continue, é preciso voar com a companhia até Buenos Aires e pegar outro voo da capital até Jujuy.

 

Quem leva?
Há operadoras brasileiras que oferecem pacotes para o destino, são elas: MMTGapnet, Ancoradouro, Agaxtur, Ambiental, Venturas, CVC, BWT, Flot, Flytour, Interpoint, New Age, Soultraveler, TGK, Uneworld, Visual e Ylha Bela Operadora. Em Jujuy, a agência de turismo receptivo que atendeu o Viajar é Simples foi a Mil Destinos Jujuy.



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