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Por favor, tenham um verão sem vergonha!

O verão é minha estação preferida. Amo praia e posso passar horas me bronzeando. Só que por muito tempo eu não aproveitei essa época do ano como deveria. O motivo: vergonha do meu corpo.

Fui uma criança gorda e uma adolescente em guerra com a balança. Mesmo quando estava magra, não me achava bonita, queria sempre emagrecer mais.
Toda essa vergonha que tinha do meu corpo influenciava diretamente minha relação com as viagens e o verão. Minha família ia para praia? Eu amava, mas usava shortinhos ao invés de ficar só de biquíni.

Com 20 anos, uns 70 quilos e eu me achava “muito acima do peso”

Quanto tempo eu perdi! E vejo hoje muita gente, mulheres principalmente, na mesma situação que eu no passado. Boa parte das mulheres gordas que conheço não gosta do verão. Teria isso a ver com a exposição maior do corpo?

Depois da adolescência, aos poucos, perdi a vergonha. O processo durou uns anos. Infelizmente, com a sociedade impondo um tipo de corpo perfeito por todos os lados, não pulamos do shorts para o biquíni de um dia para o outro.

Engordei bastante desde os 18 anos, quando eu estava magra, mas era taxada de gorda por conta dos meus quadris largos e me sentia assim. Hoje, 36 anos, tenho 40 quilos a mais do que naquela época e zero vergonha de usar biquíni.

O que eu ganhei perdendo a vergonha? Vou à praia, ao rio, à cachoeira ou à piscina com a roupa que eu quero. Se faço uma viagem a trabalho mais formal, às vezes coloco maiô pela ocasião, não por vergonha.

Nos momentos mais descontraídos de viagens a trabalho ou quando estou passeando a lazer, sempre biquíni. Gosto de bronzear a barriga. Esportes aquáticos? Faço os quais eu quero sem me preocupar com a vestimenta.

Tenho que confessar que, apesar de bem resolvida e feliz com meu corpo, quando estou muito branca ou sentindo minha barriga mais inchada por TPM ou qualquer razão, às vezes ainda dá uma insegurança na hora de sair do quarto. Mas não me deixo abater. Depois que eu vejo o sol brilhando, nada mais importa.

Como todo ser humano, tem dias que são ruins e não me sinto maravilhosa. Aposto que qualquer pessoa que foi magra e sempre considerada bonita pela sociedade também tem seu dia ou outro de insegurança. Isso é normal, só passa a ser anormal quando é assim sempre, quando esse sentimento vira rotina, e você deixa de fazer algumas coisas, como viajar, por neuras com o corpo.

Sim, hoje eu sei que sou gorda, sou uma mulher de 1,70m e 115 quilos. Isso me entristece? Não. Ser gorda não é feio e nem ofensa, apesar de ter gente preconceituosa que acha que usando essa palavra irá me ofender. Para mim, a palavra é apenas o oposto de magra.

Feliz e de biquíni em Isla Mujeres, México

Não ter mais vergonha do meu corpo melhorou muito a relação com a escolha dos destinos e durante as viagens. Não fico limitada a optar por um local que eu não precise usar biquíni. E, se vou para a praia ou piscina, aproveito.

A pressão estética da sociedade é tanta que para se sentir péssima no verão, muitas vezes, nem é preciso encarar uma piscina ou praia. Basta pensar em uma simples blusa de alcinha, do tipo que eu não abro mão.

Muitas mulheres, mesmo as mais magras que conheço, ficam com vergonha dos braços em várias ocasiões. E tome mangas no calor de 40 graus.

Sei como o processo de se libertar da vergonha do corpo é lento e difícil. Ele afeta vários pontos da nossa vida todos os dias, não só a relação com as viagens.

Esportes aquáticos? Faço de biquíni também!

Mulheres de todos os formatos de corpo não estão livres. Seja por conta do peso, de um pós-parto, de uma cicatriz ou por qualquer outra razão que a publicidade colocou na nossa cabeça sobre como nosso corpo deveria ser, surge aquele receio de parecer inadequada.

Portanto, se você que está lendo esse texto deixa de ir para praia ou de colocar um biquíni por conta do formato do seu corpo, comece com passos lentos. Coloca a blusa de alcinha, ouse no shorts, use vestido. Na hora da viagem, não leve a vergonha na mala.

Acostume-se com a ideia de expor mais partes do corpo e passar o mínimo de calor possível, assim, a hora do biquíni será mais fácil. E, quando perceber, o seu verão será sem vergonha.

Um dia com a família no Wet´n Wild

Sem nenhuma vergonha na Amazônia