Anse Marcel, um dos lugares mais bonitos de St. Martin - Crédito: Sylvia Barreto

Tudo que você precisa saber antes de visitar Saint-Martin

por: Sylvia Barreto
17 de agosto 2022

De um lado, a parte francesa, Saint-Martin (St. Martin), do outro, a holandesa, Sint Maarten. Antes de conhecer esse paraíso caribenho, é preciso saber que a ilha é a menor porção de terra do mundo dividida em dois países. Esse fator define, basicamente tudo por lá, desde os idiomas até as moedas usadas. Mas algo não muda ao atravessar as fronteiras: a beleza das praias, que são 37.

Para entender a ilha e facilitar a sua viagem, vamos voltar alguns séculos na história. Quando Cristóvão Colombo passou por lá em 11 de novembro de 1493, era dia do santo católico São Martinho e, assim, a ilha foi batizada.

A ilha é a menor porção de terra do mundo dividida entre dois países – Crédito: Natalie Soares

De uma maneira bem resumida, muitas nações quiseram ser donas da pequena ilha caribenha e, depois de diversas batalhas, sobraram franceses e holandeses que chegaram a um acordo em 1648 dividindo o espaço entre os dois. França ficou com 54km² (dois terços da ilha), Saint-Martin, e Holanda com 34 km² na parte sul da ilha, Sint Maarten.

O enfoque dessa matéria é o lado francês, porém, não há como falar de um e ignorar o outro. Afinal, é uma ilha pequena, o aeroporto internacional Princess Juliana e o porto são do lado holandês e, mesmo que você tenha uma preferência como turista, passar por ambos é inevitável e diria até que recomendado visto que a beleza do lugar é única e se sobrepõe a qualquer acordo de limites geográficos.

Agora que você tem uma boa noção da história do lugar e como ela influencia na atualidade, vamos começar com as dicas práticas para sua viagem ser perfeita.

As diferenças entre os dois lados

Por terem colonizações diferentes, obviamente, os dois lados não oferecem experiências iguais ao turista. St. Martin é uma coletividade francesa ultramarina. Para ficar mais fácil, na prática, isso quer dizer que o território faz parte da França, apesar da coletividade ter seu presidente. A parte boa é que há um grande suporte financeiro do país europeu.

Sint Maarten, por sua vez, é um país completamente autônomo, porém, que pertence ao Reino dos Países Baixo. Resumidamente, isso quer dizer que ele até pode receber algum apoio financeiro da Holanda, porém, como empréstimo. E, isso interfere em muita coisa, inclusive, no turismo.

A beleza não tem fronteiras. Na foto, praia de St. Maarten – Crédito: Sylvia Barreto

Quando saímos do aeroporto e passamos por Sint Maarten vemos os altos prédios, os grandes hotéis e até redes de fast-food famosas nos EUA. Ao cruzar uma das fronteiras e entrar do lado francês, os tons de azul do mar são igualmente lindos, porém, não há edifícios com muitos andares, os hotéis são pequenos e os restaurantes locais são predominantes.

Com aporte da França, St. Martin parece conseguir explorar o turismo sem transformar seus costumes apenas para atender cada vez mais um número maior de visitantes. Hotéis de grande porte e que fazem parte de redes internacionais desse lado da ilha são poucos: o Secrets St Martin, da AMR Collection, e o Belmond La Samanna, do grupo Belmond.

Fora esses dois, o restante da oferta é formado por pequenos e charmosos hotéis boutique. É comum também o aluguel de vilas para temporada bem antes do Airbnb existir. E, o único que trabalha com sistema all inclusive é o Secrets, o Belmond tem restaurantes, porém, as refeições não estão incluídas.

Do lado holandês, os prédios altos fazem parte da paisagem. Do francês, não – Crédito: Sylvia Barreto

Sem oferta expressiva de all inclusive, o turista precisa fazer suas refeições em restaurantes locais. Apesar de St. Martin oferecer uma boa variedade gastronômica, prevalece por lá a comida francesa e a caribenha.

Todos os dias, os produtos usados em St. Martin chegam da França e a tradição da culinária francesa é perpetuada ali. Você pode comer deliciosos croissants e outros pães, além de pratos típicos do país europeu olhando o mar azul do Caribe.

Por sua vez, no lado holandês também é possível provar a culinária local caribenha e até pratos holandeses, mas o costume não é tão grande como na parte francesa quando se trata da gastronomia europeia. St. Maarten também não é o paraíso dos hotéis all inclusive, porém, eles existem, como os da rede Sonesta e o Divi Little Bay. E são enormes. Com isso, mais comida internacional e menos idas aos restaurantes locais.

O que podemos observar é que o lado holandês acaba tendo um perfil mais voltado a atender o turista dos Estados Unidos. Por isso, oferece hotéis maiores, mais opções all inclusive e restaurantes fast-food. Outra diferença é que, em St. Maarten, existem cassinos e em St. Martin, não.

Uma característica marcante da cultura francesa que prevalece em St. Martin é o topless permitido em todas as praias. Do lado holandês não é comum. Para ficar completamente nu na praia em St. Martin, a parte sul de Orient Beach é a área mais indicada e oficialmente o lugar de nudismo da ilha.

É comum fazer topless nas praias do lado francês – Crédito: Natalie Soares

Mas, apesar do lado holandês não ter uma praia de nudismo oficial, os locais e visitantes costumam ficar sem roupas em Cupecoy Beach por ser um pouco escondida. Aliás, essa praia oferece até estacionamento e sua faixa de areia é pequena. Consegue perceber como os costumes e a condição financeira de cada lado influencia na experiência do turista?

Qual moeda levar?
Do lado francês, St. Martin, a moeda oficial é o euro. Já no holandês, o florim. Então, qual melhor moeda levar para pagamentos em dinheiro? O dólar! É, a resposta é inusitada, mas, nos dois lados da ilha, o dólar dos EUA o é bem aceito E, tem lugar que nem converte, usa o mesmo valor em euro e dólar.
Se você levar euro, pelo menos do lado francês, não terá nenhum problema em usá-lo também, já que é a moeda oficial. Cartões de crédito também são bem aceitos, mas, sempre bom ter euros ou dólar na carteira.

Idiomas
Como você já deve estar imaginando, em St. Martin o idioma oficial é o francês e em Sint Maarten o holandês. Porém, os habitantes de ambos os lados falam inglês. Como a ilha reúne moradores de cerca de 120 países, também não é incomum que o espanhol seja falado. Mas, a regra é: na dúvida, fale inglês.

O dólar é amplamente aceito em ambos os lados – Crédito: Sylvia Barreto

Quando ir para St. Martin?
Em St. Martin faz calor o ano todo. A temperatura costuma variar entre 27ºC e 30ºC. A água do mar, por sua vez, oscila entre 26ºC e 30ºC.
Agora que as boas notícias já foram dadas, vamos às más. A ilha está na rota de furacões, tanto que, em setembro de 2017 foi atingida pelo furacão de categoria 5 Irma e boa parte das construções foi devastada, Até hoje, 2022, é possível ver casas que não foram reconstruídas por lá. Geralmente, propriedades sem seguro que os donos não conseguiram reerguer.

Então, quando for planejar sua viagem tenha em mente que a temporada oficial de furacões vai do início de junho até fim de novembro. Porém, historicamente, os meses mais ativos do fenômeno nesta região do Caribe é setembro a outubro, porém, novembro é o mês que mais chove.
Outra informação importante que impacta na viagem é a alta temporada, que vai de dezembro a abril. Como quase não chove nesses meses e os turistas do Hemisfério Norte tentam fugir do frio, a ilha fica cheia e, consequentemente, a hospedagem está mais cara nesta época. Sendo assim, o período de maio a agosto tem temperaturas elevadas, é baixa temporada e o risco de furacão ainda é pequeno se comparado à fase que vai de setembro a novembro.
Para quem quer aproveitar diárias mais baixas, clima quente e a ilha mais vazia, além de pouca chance de chuva, os melhores meses são maio e junho. A reportagem do Viajar é Simples esteve em St. Martin no fim do mês de junho.

Para quem busca preços melhores, mas com poucas chances de chuvas, maio e junho são ideais – Crédito: Sylvia Barreto

Como chegar?
O modo mais fácil e rápido para o brasileiro conhecer St. Martin é com os voos da Copa Airlines. Atualmente (agosto de 2022) a companhia aérea tem duas frequências semanais saindo do Aeroporto do Panamá. Com saídas às quartas e aos sábados, os brasileiros tem diversos voos diários de várias cidades do Brasil para o Panamá.

Geralmente, as conexões no Panamá são bem rápidas. O voo de São Paulo para lá, por exemplo, dura cerca de nove horas e do Panamá para St. Martin, três horas.

Outra opção é chegar à St. Martin a partir dos EUA, com voos via Miami, por exemplo. Porém, é necessário ter visto dos EUA e, não é exigido nenhum visto quando a viagem é via Panamá. O Aeroporto usado em ambos os casos é o Princess Juliana, que fica do lado holandês da ilha.

Saindo do Brasil, a Copa Airlines é a opção mais rápida e prática para conhecer St. Martin – Crédito: Sylvia Barreto

Transporte em St. Martin
Se você gosta de usar Uber em viagens, saiba que na ilha não existe o serviço. O mais comum é usar táxi e existem empresas que oferecem esse tipo de transporte e é bom você ficar com o contato de algumas porque ver um desses carros passando na rua não é tão comum em ambos os lados.

Saindo do aeroporto Princess Juliana e indo para Maho Beach, que é ao lado, a corrida custa cerca de US$ 8. Para a capital do lado francês, Marigot, não sai por menos de US$ 20. Apesar de existir taxímetro, é comum que os táxis façam valores fechados por corrida, incluindo tours pela ilha. Deixo aqui link de site com opções de taxitas.

O transporte público, por sua vez, é pouco convencional. Pode ser micro ônibus ou vans, não tem muita regra nem pintura semelhante. Além disso, os pontos não são bem estabelecidos em muitos lugares da ilha e não passam em vários pontos. O valor por trecho custa cerca de US$ 2. Se quiser mesmo usar esse tipo de transporte, o ideal é pegar informações no seu hotel ou com locais.

Aluguel de carro é melhor opção para conhecer a ilha. Na foto, Cupecoy Beach – Crédito: Sylvia Barreto

Alugar carro é uma opção viável e dá para conhecer toda a ilha. Do lado holandês é preciso atenção com as motos, principalmente, à noite. Os motociclistas costumam andar em grupo e, muitas vezes, ignorando algumas regras de trânsito.

Do lado francês, por sua vez, muitas vias não têm boa iluminação, então, fique sempre bem atento à rodovia e aos buracos na pista. Mas, no geral, é fácil dirigir por lá. Caso não queira dirigir, mas quem conhecer o maior número de lugares possível, pode contratar passeios de agências de viagem.

Vida noturna
Se você gosta de sair à noite quando está viajando, saiba que a vida noturna é mais agitada em St. Maarten, ou seja no lado holandês. A região tem bares e locais para dançar que só fecham de madrugada. Para quem quer curtir a noite, uma das áreas mais badaladas é Simpson Bay. Portanto, se você não abre mão de sair várias noites, melhor se hospedar do lado holandês da ilha.

Documentação para entrar na ilha
Nenhum dos lados da ilha exige visto para brasileiros. Porém, atualmente, por conta da pandemia de covid-19, os visitantes precisam seguir alguns passos:

– Preencher on-line o Sistema de Autorização Eletrônica de Saúde, o EHAS (clique aqui). Ele deve ser preenchido, pelo menos, 12 horas antes do embarque e o governo envia uma pré-aprovação de entrada após análise;

– Apresentar certificado de vacinação contra a covid-19. Todas as vacinas usadas no Brasil são aceitas. Menores de cinco anos não precisam;

– Quem não estiver vacinado pode apresentar e tiver mais de cinco anos precisa apresentar teste PCR feito em até 48 horas antes do embarque ou antígeno feito em até 24 horas antes do embarque. O resultado precisa ser negativo e estar em inglês;

– Também é preciso pagar seguro no valor de US$ 15. Clique aqui para saber mais.

Vacina de febre amarela: nos sites oficiais de St. Martin e de St. Maarten não há nenhum lugar com a informação da exigência da vacina. Porém, a lista da Organização Mundial de Saúde indica que os países pedem o certificado dessa vacina para todos os turistas provenientes do Brasil. Além disso, alguns passageiros relatam que foi pedido certificado na imigração. Então, na dúvida, melhor levar. Você pode aprender como emitir o seu certificado internacional clicando aqui.

Cuidados no aeroporto: a imigração no Aeroporto Pricess Juliana é bem criteriosa. Você deve ter impresso documentos com suas passagens de ida e volta, além de reserva de hotel ou Airbnb. Caso fique hospedado na casa de alguém, certifique-se de ter o endereço bem claro caso o oficial de imigração te chame.

Tenha sua reserva de hotel e passagem de volta impressas ou em prints no celular para mostrar na imigração – Crédito: Natalie Soares

Compras na ilha
Os preços tanto do lado holandês como do francês são bem atrativos porque a ilha é livre de impostos. E, se você ama cosméticos de marcas francesas, pode se preparar para comprar em St. Martin produtos das marcas como Caudalie, Avène, La Roche-Posay e Vichy. Todas são achadas facilmente nas farmácias.

Os melhores lugares para as compras são as capitais. Do lado do holandês a capital é Phillipsburg e, do francês, Marigot.

Produtos de marcas francesas são muito mais baratos em St. Martin do que no Brasil – Crédito: Sylvia Barreto

Voltagem em St. Martin e St Maarten

Tem aquelas dicas que sempre precisamos saber em qualquer destino. Uma delas, é a voltagem, pois impacta nos aparelhos que iremos levar. O lado francês é 220v e o holandês 110v. Cada um também tem seu estilo de tomada diferentes, abaixo, fotos do padrão de cada um.

Padrão de tomadas do lado holandês – Crédito: Sylvia Barreto

Padrão de tomadas do lado francês – Crédito: Sylvia Barreto

Perto de outros paraísos
Você também pode aproveitar sua ida à St. Martin para visitar outros paraísos caribenhos. A ilha é muito fácil de ser combinada com suas vizinhas. A também francesa Ilha de St. Barth, por exemplo, fica a 45 minutos de barcos e a 10 minutos de avião. Dá para passar só o dia se quiser.
Também é possível visitar Anguilla, que fica a apenas 20 minutos de ferry. Em ambos os casos, os barcos saem do lado holandês da ilha e, sim, você precisa ir com seu passaporte.

Agora que você já sabe as informações práticas para ir a St. Martin, conta lá nos comentários quais são as outras matérias sobre o destino que gostaria de ver no Viajar é Simples!

*O Viajar é Simples viajou a convite do órgão oficial de turismo de St. Martin

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